Deu-me o número de telefone como se fosse uma amiga de há muito tempo. Mas não: conhecíamo-nos há dois minutos. Omar é argentino. Uns 60 anos, talvez um pouco menos. Entre ele e eu, um grande cesto de verga já baço. Uma vez por mês, vem de Córdoba à capital para vender queijo de leite de vaca fumado, um enchido que parece fuet e outro queijo, Gouda, de sotaque francês disfarçado. Às pessoas que passam na rua, oferece uma degustação rápida que vem sempre - desconfio - acompanhada de uma conversa mastigada. Divide o tempo entre o centro de Buenos Aires e a Plaza Serrano, poiso de muitos turistas cool e porteños fashion ao fim de semana, local de passagem perfeito para quem quer impressionar e despachar mercadoria. Lembra-se quando as ruas em volta da praça ainda não tinham metade dos prédios, lembra-se da mercearia que agora é um buraco entre prédios no meio da rua. Comenta com uma senhora ao lado que deve já fazer uns 30 anos que vem vender queijo à capital. "Faço-os eu", garante. E dá mais uma fatia de fuet para provar. Depois recomenda-me um telefonema. [No meu telemóvel é Omar de los quesos de Córdoba, tipo apelido.] Daqui a um mês, mais ou menos por esta altura do mês, que lhe ligue ou mande mensagem que ele vem ao meu encontro para me trazer mais queijo. À confiança, que ele sabe que o queijo vale os 100 pesos que pede - viagem de ida e volta a Córdoba já incluída. Com Omar é assim: pão pão, queijo queijo.
Sem comentários:
Enviar um comentário