segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

buenos sábados #34


saber as horas ao fim de semana é um exercício de esforço. ao sábado, eu Buenos Aires, eu só quero fazer tempo. fazer tempo porque ainda é cedo para acordar, fazer tempo para o almoço, fazer tempo para sair, fazer tempo para a sessão de cinema, fazer tempo para a festa de anos de um amigo, fazer tempo para ir dormir. sair de casa sem saber bem para onde vou, meter-me sem tempo no autocarro apertado, um calor de morrer, até transpirar sem tempo. descer sem tempo e ficar sem tempo, no parque, sentada na relva, a tomar mate. depois, levantar-me sem tempo e dar uma volta num mercado por ali, perto da Boca, passear pelas ruas de San Telmo, entrar em lojas de antiguidades e velharias, fotografias antigas tiradas com velhas máquinas fotográficas. e depois ir sem pressa comprar o bilhete de cinema. sem tempo, deixar-me fotografar numa parede pintada, sem tempo também olhar para o ecrã do telemóvel e pedir para repetir. ficar, sem tempo contado, sentada a ver as pessoas que esperam pela sessão que também é a minha. rir sem tempo, a vida do lobo de Wall Street. voltar sem tempo para casa, não sem antes passear sem tempo pela margem do rio, a noite de Verão, as pessoas a fazerem o mesmo. sábado bom, o trinta e quatro, aqui.

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