mesmo que haja corrente de ar na entrada no hall do hotel de Montevideo; mesmo que o vento esteja frio e nos exija um casaco aconchegado ao pescoço durante a viagem de autocarro; mesmo que o peixe do almoço não seja grande coisa e que se passe o dia a revisitar uma terra que já se conhece - reconhecendo todos os cantos e recantos; mesmo que o vento esteja forte entre a manga de corredor e a entrada do barco de regresso a Buenos Aires; mesmo que seja difícil apanhar um táxi que nos leve a casa, com poucas malas e a pouca distância; mesmo que se compre fruta para jantar tangerinas descascadas com mimo e maçãs saborosas; mesmo que o sábado nem seja - a maior parte do tempo - em Buenos Aires; mesmo que tudo falhe, que tudo pareça que não nos pertence, que o dia seja igual a outro qualquer, e que as pessoas não sejam de uma simpatia que nos faça apetecer voltar; mesmo que nos cobrem de mais por um almoço mediano e que esteja vento e seja o segundo inverno do ano; mesmo que a internet não funcione; mesmo que fiquemos sem bateria no telemóvel que nos impeça de estar ligados ao mundo; mesmo que estejamos de mau humor, que as fotografias saiam desfocadas; mesmo que isto tudo e outras coisas que não me lembro; vocês estiveram aqui comigo. e, por isso, mesmo que esteja frio, o meu coração está quente.
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