sexta-feira, 19 de julho de 2013

café com todos

Tenho saudades do café português. Esta é, aliás, uma das queixas mais vulgares de quem se muda de Portugal para o mundo: o café não á igual, não sabe ao mesmo. Aqui onde estou, o café também não sabe ao mesmo. É mais fraco, mais aguado, com menos sabor. Mas os cafés de Buenos Aires têm outra coisa que, em Lisboa, os meus cafés não tinham.

Pede-se um café e vem um arsenal de detalhes porque, aqui, o café é para tomar com calma enquanto se lê o jornal do dia ou se espreita a revista ou o computador, ou se conversa. Um copo de água pequeno, com ou sem gás. Um pratinho com bolinhos, mini-alfajores com dulce de leche, umas bolachinhas de laranja e limão. Às vezes um copo pequeno com sumo de laranja natural. E o café - aguado, com menos sabor. Há por cá uma rota de cafés tradicionais que eu quero fazer com tempo, uma espécie de roteiro pela história da cidade, dos escritores e dos cantores (Jorge Luís Borges e Carlos Gardel costumavam encontrar-se aqui). 

E há, claro, os cafés já favoritos e que eu repito quando me apetece. Neste, a uns oito quarteirões de casa, há um corredor envidraçado que esconde um café dentro de uma estufa e uma loja de biquínis dentro. A ementa vem num envelope de carta, as mesas ainda sobram durante a semana, os preços são mais baixos do que o habitual por aqui e os clientes não resistem a tirar fotografias. E, à falta de aquecimento em casa - temos o gás cortado há três dias porque a inspecção ainda não apareceu - vou à procura de um sítio mais quente para escrever. Que parece que até pode nevar por estes dias. 











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