Não é possível viver em Buenos Aires sem falar de inflação. Esse é "o" tema sempre falado nos jornais e sempre sentido na pele. Tão normal como ir comer fora e deixar gorjeta, porque ela é quase "um dado adquirido" quando se fala em trabalhar em algum café ou restaurante. Como se do ordenado fizesse parte o contributo que o cliente deixa depois de pagar a conta.
Pouco a pouco aquilo que nos é estranho - o preço da carne aumentar 20% de uma semana para a outra ou o tomate passar, de um dia ao outro a custar o dobro - vai-se tornando coisa normal (ainda que de cada vez que penso nisto me pareca completamente surreal).
Mas há mais. No Carrefour ao lado de nossa casa é comum pedirem-nos trocos quando pagamos com as maiores notas da Argentina. Pagar com notas de 100 pesos (que valem qualquer coisa como 10 euros) são sempre exercício grande quando se fala de troco. Por isso, quando não temos trocado para fazer conta certa, dão-nos o troco em notas e moedas grandes. O resto vem em rebuçados, estrategicamente colocados, ao lado da caixa. Troco doce, nem se questiona.
Uau. Que realidade tão, mas tão diferente. [A bem dizer a mercearia ao lado da casa dos meus pais era assim, a da dona Lúcia. Mas isso era nos anos 80, quando os trocos eram tostões e os doces eram os tubos gelados de sabores artificiais concentrados que os brasileiros chamavam de picolé]
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