segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

é preciso dois para dançar o tango.

é uma generalidade mais é verdade: quando um não quer, dois não dançam. e se as capas de revista que mais vendem são as que dão como terminados os amores deste mundo, a verdade é que, a mim, sempre me agradaram mais os finais felizes. tanto nas revistas como nas comédias românticas.

eu não perco uma comédia romântica. gosto de histórias que acabam bem, de amores improváveis que vencem os obstáculos e de vidas que davam filmes.

como a deles, que se conheceram por acaso, como a maior parte das pessoas. não foram a nenhum jantar de anos de um amigo comum e descobriram que tinham coisas que os ligavam. não se cruzaram numa festa de Natal nem no corredor da empresa onde ambos trabalhavam. nunca tinham estado no mesmo sítio, na mesma rua, nem sequer no mesmo país. ela apanhou um avião, andou de carro, de autocarro e de comboio. ele andava a passear de mota precisamente no dia em que ela também passou naquela estrada de terra batida com a amiga. naquele dia em que ela apanhou aquela chuvada e que coincidiu com o passeio dele com aqueles amigos com quem decidiu passar férias naquele mês daquele ano. eles coincidiram no sítio mais improvável do mundo, ambos de passagem, naquele dia que podia ser outro qualquer dos 365 dias. naquele mês que podia ser outro dos doze. e naquela hora que podia ser outra qualquer das vinte e quatro.


dizia eu que eles se conheceram por um acaso: imaginem um sítio afastado da estrada de alcatrão, no meio do nada, entre montanhas e vales e neve do inverno que nunca acaba. foi lá mesmo, no sítio mais improvável do mundo. ele olhou para ela, ela respondeu-lhe com uma pergunta. trocaram olhares, ele disse-lhe que sim. ele ofereceu boleia, ela rejeitou. ele foi embora e ela remoeu. não aceitou a boleia. arrependida, ficou ainda espreitou na estrada a ver se o via. nada. escreveu com letras pequeninas, num papel, o nome e o número de telefone. e guardou o recado no bolso, não fosse ele voltar para trás, como quem tenta fintar um não pouco convincente. enquanto ela voltava de carro, ele passou de mota, à procura dela. ela sentiu o coração bater mais depressa e o estômago a remoer aquilo que ela não conseguiu verbalizar porque ele passou rápido de mais sem lhe dar tempo de pensar e agir. pensou que nunca mais o ia ver. só que, quando ela chegou ao ponto em que o passeio tinha começado, ele estava lá. disse-lhe olá, ofereceu-lhe um chá e não a largou mais.

esta história seria boa de escrever aqui porque deve ser boa de ler em versão dupla. porque é preciso dois para contarem a história de um coração só, como dizem a Isabel e a Maria João. e é boa surpresa para amores de todo o tipo, desde que haja dois para contar a história. para não deixar nenhum segredo por guardar.

Sem comentários:

Enviar um comentário