A viagem de dezoito horas de autocarro não custa, juro. Bem, para ser franca, custa muito menos do que uma viagem de quinze horas de avião, a mesma que eu fiz para chegar cá depois do Natal. Ou talvez me tenha custado mais essa no início de Janeiro, porque a vontade de ficar era maior do que a de voltar, mesmo que em Lisboa fosse Inverno e mesmo que cá fosse Verão. A verdade é que, comparado com o espaço que cada passageiro tem num avião, o assento/semi-cama dos autocarros argentinos é um penthouse com direito a comida razoável, a uma temperatura made in ar condicionado que não perturba e a imagens de pôr e de nascer do sol irrepreensíveis.
Por isso, mais do que o espaço apertado da cadeira, custa o trânsito louco de Buenos Aires numa sexta-feira de Verão, que coincide com as viagens de milhares de porteños para as praias mais perto da capital.
Chegar a Iguazu é, desde logo, mergulhar numa floresta cheia. Muito verde, paisagem a lembrar o Alentejo de Primavera ainda que com muitas mais árvores, cheiro a terra e a campo e a gente mais simpática do que na cidade. Depois, é sentir a humidade a entrar pela roupa e a colar-se à pele e a passar para os ossos, e sentir que ela só se vai embora à medida que nós formos também - e se realmente formos também. Puerto Iguazu é, na estrada, depois de El Dorado e de Puerto Esperanza, terras tão prometedoras como desertas. Há pouca gente por lá, poucas casas, pouco movimento. El Dorado tem a rodoviária por onde passa o autocarro já atrasado que termina a rota em Puerto Iguazu e que, talvez por isso, lhe dá ainda menos importância do que podia considerar merecer.
Saem pocos passageiros em El Dorado, e regressa o autocarro de dois andares pela estrada meio molhada da chuva, a outra metade de humidade. Há obras na estrada - como em Buenos Aires, a cada passeio, há obras e muitos homens a trabalhar nelas, ainda que pareçam muitos mais do que os necessários - e, chegados ao terminal, há calor e cheira já a humidade e a água. Esticamos as costas, perguntamos se o hostel fica perto e metemo-nos num táxi por 50 pesos, quase cinco euros para fazer cinco quilómetros até ao quilómetro 5 da estrada que leva os milhares de turistas que visitam diariamente o Parque Nacional de Puerto Iguazu. A piscina pisca o olho mas é preciso fazer contas ao tempo: combinamos com o taxista ruivo e branco de olhos claros que daí a uma hora nos leva ao lado brasileiro do parque. A correr, fazemos o checo-in, trocamos de roupa e de sapatos, lavamos a cara e os dentes e pomo-nos a caminho do espectáculo.
A entrada custa uma pipa de massa (não me lembro bem mas acho que uns 30 euros por pessoa; caro para mim, considerando o preço do hostel, da viagem e de que também do lado argentino teremos que pagar outro tanto) mas basta o caminho de autocarro e a trilha a pé para percebermos que o espectáculo vale a pena. Está calor, há gente a fotografar-se por todo o lado, fotógrafos profissionais a abordarem permanentemente os turistas para lhes tirarem fotografias de braços no ar em frente à catarata. Mas basta fechar os olhos e voltar a abrir para o encantamento começar todo outra vez.
Ali, passa tudo pela cabeça e desaparece tudo. E, isto tudinho ao mesmo tempo. Há calor, há sol, há água. Há humidade que sobra, há verde de sobra, azul de sobra da água e do mar. A água, mesmo mesmo perto da queda, é água que arrefece sem dar frio, refresca sem perturbar, molha muito sem chatear ou preocupar. Logo seca.
Depois do parque, sentamo-nos na esplanada. Um sumo de ananás que não custa nenhuma fortuna, uma espera calma, uma carga de água que nos países tropicais isso é o mais certo. Apanhamos o autocarro até à entrada e o táxi até ao hostel. Saindo depois do almoço e chegando ao fim da tarde, o dia ainda chega para um mergulho na piscina. A água, morna.
Depois do parque, sentamo-nos na esplanada. Um sumo de ananás que não custa nenhuma fortuna, uma espera calma, uma carga de água que nos países tropicais isso é o mais certo. Apanhamos o autocarro até à entrada e o táxi até ao hostel. Saindo depois do almoço e chegando ao fim da tarde, o dia ainda chega para um mergulho na piscina. A água, morna.
Escolher o lado das cataratas a visitar primeiro é ter em conta, não só as questões de tempo - chegar a meio de um sábado e ter todo o domingo livre -, mas conselhos de quem já lá tinha ido. A maioria das pessoas e dos guias recomenda que a visita ao lado brasileiro seja mais curta do o passeio no lado argentino. Primeiro, porque o primeiro percurso é mais curto. Depois, porque a escolher um seria sempre o segundo. Neste jogo, a Argentina ganha. É incrível ver as cataratas de frente. Mas, mais incrível ainda é estar ao lado delas. É de sonho.
O passeio começa de manhã cedo, mal abre o parque. Essenciais? Garrafa de água e uma muda de roupa na mochila. Além disto, a máquina fotográfica e vontade de andar. Entrar no parque custa cerca de 20 euros - inclui passeio de comboio pelo parque e todos os pontos obrigatórios-, mas fica mais caro se se quiser fazer algum dos percursos que propõe a empresa que há logo depois da entrada. Escolher o percurso de preço médio - o náutico - pareceu-nos o mais sensato. Custou-nos mais 18 euros, mais coisa menos coisa. Além dos caminhos pelas pontes de madeira e de metal, pelo meio da floresta e de combóio, o nosso passeio incluiu uma viagem de barco. Sim, tomámos banho de cascata. Sim, duas vezes. Sim, foi de sonho.
O resto, acho que dá para ver nas fotografias. É incrível existir um sítio assim. Há arco-íris para pedir desejos, borboletas com números nas asas e é impossível tirar más fotografias porque a paisagem é linda de morrer.
E só consigo pensar na sensação do primeiro tipo que lá chegou e se deparou com aquele cenário. Imaginam a loucura? Agora, fechem os olhos. Estar lá, é muito melhor.
P.S.: No fim, há gelados para comer. Recomendo a mistura chocolate amargo e frutilla al água. E uma feirinha básica com artesanato que tem coisas, obviamente, com preços inflacionados. Eu preferi guardar o resto do dinheiro para a próxima viagem. Mas vale a pena dar uma vista de olhos.
P.S.2: Nota para o aeroporto de Puerto Iguazu, mesmo no fim da estrada que passa pelo parque. E, claro, para a vista do avião. Esta paisagem é a que me vai ficar para sempre na memória.
O passeio começa de manhã cedo, mal abre o parque. Essenciais? Garrafa de água e uma muda de roupa na mochila. Além disto, a máquina fotográfica e vontade de andar. Entrar no parque custa cerca de 20 euros - inclui passeio de comboio pelo parque e todos os pontos obrigatórios-, mas fica mais caro se se quiser fazer algum dos percursos que propõe a empresa que há logo depois da entrada. Escolher o percurso de preço médio - o náutico - pareceu-nos o mais sensato. Custou-nos mais 18 euros, mais coisa menos coisa. Além dos caminhos pelas pontes de madeira e de metal, pelo meio da floresta e de combóio, o nosso passeio incluiu uma viagem de barco. Sim, tomámos banho de cascata. Sim, duas vezes. Sim, foi de sonho.
O resto, acho que dá para ver nas fotografias. É incrível existir um sítio assim. Há arco-íris para pedir desejos, borboletas com números nas asas e é impossível tirar más fotografias porque a paisagem é linda de morrer.
E só consigo pensar na sensação do primeiro tipo que lá chegou e se deparou com aquele cenário. Imaginam a loucura? Agora, fechem os olhos. Estar lá, é muito melhor.
P.S.: No fim, há gelados para comer. Recomendo a mistura chocolate amargo e frutilla al água. E uma feirinha básica com artesanato que tem coisas, obviamente, com preços inflacionados. Eu preferi guardar o resto do dinheiro para a próxima viagem. Mas vale a pena dar uma vista de olhos.
P.S.2: Nota para o aeroporto de Puerto Iguazu, mesmo no fim da estrada que passa pelo parque. E, claro, para a vista do avião. Esta paisagem é a que me vai ficar para sempre na memória.
O sítio mais incrível onde já estive <3
ResponderEliminarObrigada também eu pela viagem que me fizeste sentir! :)
ResponderEliminarAndo com uma vontade louca de me meter num avião...estas fotos não ajudaram...agora queria estar ai!! Obrigado por partilhares a experiencia =)
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